quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Afinal como é?


O Governo o está a transmitir os actuais e próximos futuros números referentes ao emprego levando-nos a acreditar que practicamente não há desemprego. É uma euforia muito partilhada que muitos estão a acreditar. Porém será possível estarmos descansados se muitos dos empregos são instáveis não se sabendo se terão amanhã?
Quantos casos são do nosso conhecimento e afectam familiares e amigos – muitos até vêm nos jornais – de trabalhadores que numa manhã são confrontados com portas fechadas e informação que a fábrica, o escritório, a loja faliu e acabou-se o emprego. Dizem uns optimistas que estes trabalhadores vão ter direito a subsidio. Talvez, mas quantos meses à espera e muitas vezes o que é atribuído não dá para suportar a renda da casa, a água e luz, os passes da família e a comida… E estes desempregados também vão levar muito tempo a serem incorporados nos números do desemprego e por mais uns largos tempos vamos ter estampados na comunicação social os belos números de politicas que dizem representar o que se passa no nosso País.
Por outro lado o número de falta de trabalhadores em áreas chaves é muito preocupante. Faltam professores e trabalhadores nas escolas obrigando muitas vezes os professores a terem de assegurar serviços de secretaria; faltam trabalhadores na vigilância dos alunos levando que algumas escolas tenham sido fechadas neste inicio do ano porque os pais não sentem segurança em deixar os seus filhos. E a falta de médicos, enfermeiros e pessoal hospitalar continua a ser gritante. E a sobrecarga dos trabalhadores de muitas repartições porque os quadros de pessoal continuam deficitários.
Uma conclusão apressada diz-nos que não se pode acreditar nos discursos e nos números apresentados, mas se analisarmos com algum cuidado e compararmos cuidadosamente as palavras e os números que correm na comunicação social (e que muitas vezes até são adoçados) ficamos a ter a certeza que o mundo do trabalho, do emprego no nosso país assenta em muita precariedade e instabilidade. Como é que com esta instabilidade e precariedade que muitas vezes são dos próprios serviços oficiais, podem os nossos jovens iniciar uma vida familiar que a grande maioria tanto anseia?
Depois temos as opções que os governos continuam a apadrinhar de fecho de serviços, como os CTT, contribuindo para a desertificação de parte do interior. Podemos também assinalar a falta de uma rede organizada de apoio à produção agrícola que dando suporte ao trabalho nos nossos campos contribua para a fixação de gentes nos nosso povoados e promova a chegada dos produtos às nossas mesas.
Para quando politicas humanizadas e bem estruturadas que deem estabilidade aos portugueses e nos assegurem que devemos acreditar num futuro de trabalho mas também de rendimentos para constituir família e vermos crescer os nosso filhos e netos? 

Maria Clotilde Moreira

Jornal Costa do Sol - 23.10.2019

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