Parabolizando...
Li algures que, em certa cozinha, os utensílios desataram a
discutir acerca de qual deles deveria ser ali o chefe.
Começou o fogão por dizer que ele era o mais importante porque, sem ele, aquilo nem
nome de cozinha merecia;
mas logo os
taparueres, que não suportavam o calor do fogão, reclamaram que ninguém se podia
chegar a ele;
interveio a faca,
dizendo que devia ser ela a mandar, que era muito útil e não estava presa a um
lugar, como o fogão;
perante este
desplante, os protestos foram generalizados, que a faca não podia ser chefe,
que tinha uma língua demasiado afiada, que o que precisavam era alguém que os
unisse, não que fosse fonte de desentendimentos;
tentou o frigorífico argumentar que as suas qualidades eram
por demais evidentes, que sem ele tudo se estragaria;
responderam-lhe que
era demasiado frio, que quando abria a porta todos sentiam um arrepio, ninguém ali queria
um chefe assim;
avançou a balança dizendo que era ela, pelo seu equilíbrio,
que merecia chefiar, mas não aceitaram porque tinha a mania da superioridade, e
um chefe não podia exibir tais rigores.
Foi então que entrou o cozinheiro, abriu o frigorífico,
tirou o que precisou, pegou na faca e cortou o que era de cortar, com a balança
pesou o que era de pesar, acendeu o fogão e colocou as panelas. Depois que
tinha tudo cozinhado e a discussão ia recomeçar, interveio o relógio de parede,
que até aí estivera calado a observar tudo e falou:
Vocês não aprenderam a lição que o cozinheiro acabou de nos
dar? Ele chegou, serviu-se das qualidades de cada um e preparou uma óptima
refeição; nós só olhamos para os defeitos uns dos outros e o resultado são discussões permanentes que não
levam a nada...
Amândio G. Martins
Nas minhas "andanças" profissinais ensinaram-me (mesmo!) que o tipos de chefia devem ser exercidos consoante as características de quem se chefia. As cognitivas e as outras. Com muita atenção ao "Princípio de Peter", de quem chefia e de quem é chefiado... como é o caso da parábola acima.
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