não vou apenas dizer poesia
vou passar mensagens
sinto que estou próximo
de escrever "o poema"
o poema à Nietzsche, divino
que incorpore a raiva, a revolta
que vai nas ruas de Paris
e que se vai estender por toda a Europa
o poema que está no sexo dos gajas
que permanentemente se insinuam para mim
e me acendem
o poema que está nas vozes dos deserdados da vida,
dos que dormem à chuva e ao frio nas ruas,
nas cabines telefónicas, onde calha
o poema dos poetas malditos que insultam a vida imbecil
dos burgueses, que dizem não às normas e às convenções,
que sobem à montanha da àguia e da serpente,
porque estão fartos do rebanho e da populaça,
porque estão fartos dos cegos
que se deixam governar por imbecis,
como dizia Shakespeare,
o poema daqueles que não se contentam com a lógica
do dinheirinho e do trabalhinho,
daqueles que vão ao fundo deles mesmos e do mundo,
daqueles que odeiam o mercado e os contabilistas que governam,
daqueles que se tornam neles mesmos e que dizem que o melhor governo é não existir governo nenhum
o poema daqueles que amam o caos porque sabem que é do caos que nasce a criação,
daqueles que amam as alturas e o perigo,
daqueles que se entediam com o paleio imbecil do sucesso
o poema daqueles que amam vertiginosamente sem limites, daqueles que procuram o sublime, o céu na Terra e que sabem que pode estar ao virar da esquina,
o poema daqueles que amam a vida, a vida pura, autêntica,
a vida que não está nos bancos nem nos governos nem nas Igrejas nem no quotidiano imbecil e previsível
o poema daqueles que vivem em rebelião, que não suportam mais a existência quadrada e vazia,
a existência de percentagens, bolsas e estatísticas que esses cabrões contabilistas nos vendem
o poema daqueles que já nada têm a perder,
que atiram pedras e cocktails molotov aos cães da polícia, aos representantes dos contabilistas e dos economistas, que combatem a morte em nome da vida e que sabem que só assim a coisa é possível, sem dirigentes nem vanguardas, sem negociações, mediações ou sindicatos.
quase tornaram o Homem numa espécie falhada,
é tempo de reagir
agora ou nunca
WE WANT THE WORLD AND WE WANT IT NOW!
Não há aqui meios-termos
não há meias-palavras
ou...ou...
ou és nosso ou és deles
estou a falar da vida
estou a falar da celebração
estou a falar do amor
do amor que não está nos negócios, no amor que não está nos mercados, no amor que não está no dinheiro
este é o poema
o poema que não está cotado na bolsa
o poema que náo está no mercado
o poema que não vale 4,3%, nem 9%, nem 15,5%, nem 18 valores
o poema que não é nota
que não vai a exame
o poema que procura
que perfura
que incomoda
que não está na moda
o poema que cria
o poema que destrói
o poema que inaugura
e que dói.
Apocalíptico!
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